Não tive pai que me cortasse
quem me cortou foi a poesia
cindiu minh'alma como lâmina
e me fez pousar segura
sobre a tragédia que é a vida
desnecessário foi
desintegrar a linguagem
empregar luta corporal
me desintegrei primeiro
palavras me atravessaram
Assim tão só
assim tão pó
assim tão pouco
Vou refazendo as bordas do furo
preenchendo espaços com palavras
palavras hoje me costuram
NSL
03/12/11
“Isto quem me deu foi João Guimarães Rosa. Um filho deixado sem pai é um filho deixado à borda. Só lhe resta a borda, espaço entre o tudo e o nada do rio. É nela que ele constrói sua existência, repleta de tudos e de nadas.” Norma de Souza Lopes
domingo, 18 de janeiro de 2015
quarta-feira, 14 de janeiro de 2015
Bovina
Norma de Souza Lopes
erguer os cornos acima da manada
erguer os cornos acima
erguer os cornos
erguer
Compreender que o leite é para todos
compreender o leite
compreender
erguer os cornos acima da manada
erguer os cornos acima
erguer os cornos
erguer
Compreender que o leite é para todos
compreender o leite
compreender
terça-feira, 13 de janeiro de 2015
eu quero morar na praça da estação
morar
no laranja morno do outono
do abril sem chuva
nas mais de sete cores aspergidas
pelo chafariz
da praça da estação
Norma de Souza Lopes
in Borda/2014
no laranja morno do outono
do abril sem chuva
nas mais de sete cores aspergidas
pelo chafariz
da praça da estação
Norma de Souza Lopes
in Borda/2014
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