terça-feira, 20 de setembro de 2016

A Ana Elisa Ribeiro falando sobre o "Borda" no "ciclos de Convivência Literária". Foi linda esta noite.

http://convivencialiteraria.com/fotos-da-segunda-sessao-ana-elisa-ribeiro-norma-de-souza-lopes/

Raul e a Literatura

Resenha linda do Raul Arruda Filho lá no blog dele.

http://raulealiteratura.blogspot.com.br/2016/05/carta-aberta-para-norma-de-souza-lopes.html

domingo, 3 de abril de 2016

Release Borda

Isto quem me deu foi João Guimarães Rosa. “Um filho deixado sem pai é um filho deixado à borda. Só lhe resta a borda, espaço entre o tudo e o nada do rio. É nela que ele constrói sua existência, repleta de tudos e de nadas.”
  
Engendrado entre 2007 e 2012 publicado em 2014 pela Editora Patuá, BORDA nasceu em um caderno azul de capa dura durante uma internação psiquiátrica. Catarse em forma de poesia, dança à beira do abismo que naquele momento era eu mesma.  Palavras que se prestaram como costura do oco da carne implantada pelas dores e perdas da vida. Tecendo a memória e a carne do mundo observado fui fechado brechas, suturando feridas abertas.
Já a temática "fotografia", presente em BORDA, escrito em um momento de incômodo com o envelhecimento, reflete um tanto desse mal-estar, desconforto e estranhamento diante do objeto fotografia enquanto elemento de sustentação da memória.
Em BORDA ainda é possível ouvir como a turbulência do "eu mulher" ressoa em mim. Não estou no mundo como mulher impunemente. Desde a infância a rejeição ao lugar de "menos que os homens", ao qual eu nasci destinada, instalou em mim uma guerra na busca da autoafirmação. Sua poesia evidencia que uma outra experiência com o feminino é possível. A mulher livre, forte, desamarrada das convenções sociais. Também não aceita categorizações (poesia de mulher, de negro de gay, de índio, de pobre etc.).
Então BORDA é isso, margem do abismo, costura, memória e exercício do feminino desatado. Dentre outras coisas.


bebo da borda de tudo
margem mirando
o fundo do furo

Norma de Souza Lopes