domingo, 28 de setembro de 2014

Em BORDA, é possível ouvir como a turbulência do "eu mulher" ressoa em mim. Não estou no mundo como mulher impunemente. Desde a infância a rejeição ao lugar de "menos que os homens", ao qual eu nasci destinada, instalou em mim uma guerra na busca da auto-afirmação. 
Os esforços de libertação do corpo e da mente nem sempre foram bem-vindos entre minha família e minha comunidade. A sensação de inadequação e o comportamento transgressor me acompanham até a idade adulta.   
No entanto, leitora voraz que sou, fui tropeçando em literaturas que me ajudaram a ter uma visão externa daquilo que vivia como repressão sexual. Foram muitas, mas dentre elas destaco Marina Colasanti, Marilena Chauí, Margaret Mead e Simone de Beauvoir. Suas obras me ajudaram a perceber que uma outra experiência com o feminino era possível.
Sou desencanada com essa categorizações que os literatos costumam fazer (poesia de mulher, de negro de gay, de pobre etc.). Achar que poesia possui uma categoria me parece uma incompetência critica, mas se isso vier a acontecer com o livro BORDA, provavelmente estarei entre três ou mais dessas categorias. E a categoria de poesia de mulher será uma delas. 

NSL
28/09/14

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